Coisas estranhamente escritas por uma estranha mente...


sábado, 18 de setembro de 2010

Distorções

Muitas vezes me pergunto até que ponto o cotidiano, esse vilão, consegue arruinar as relações. E me refiro a qualquer que seja. Falando assim, parece frio, e acho que assim o  seja mesmo. Veja bem, pra onde vai toda aquela poesia, aquele mistério, aquela saudade, aquela contemplação? simplesmente desaparecem ou são desvendados. Raras e incomuns vezes ficam camuflados apenas, é verdade.
Certo momento de minha vida, comum a troca de amizades, me senti insatisfeita/triste/infeliz [dramática] por não ter encontrado 'pessoas'  que substituíssem à altura aqueles queridos super queridos que o tempo havia afastado. E sem querer, compara-se as amizades, as pessoas.  Antes queria que 'minhas'  amizades fossem mais parecidas comigo [isso não é normal?] .  
Com o tempo, vemos que nem sempre isso é possível e até apreciamos a tal da diversidade. Claro que há os limites. E nosso senso de exclusão pré adolescente contra grupos que não se encaixam conosco se elastece e pode até se tornar uma piada. E não confundamos amadurecimento com falta de personalidade ok?
Minha adolescência foi marcada [graças] por boa música, boa leitura, boas conversas mas que nem sempre me levaram às coisas certas [isso existe?]. E nessa fase, lembro que eu nem queria conversa com os 'parâmetros alheios' ao meu. Depois o tempo passa ,se amadurece e encontra-se 'beleza' em vários meios. Alguns beeeeeeem mais difíceis, claro. Acha-se graça nas amigas camaleônicas, e achamos graça nas nossas mudanças. Aquele lero lero de cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é deixa de ser um clichê. Sabe aquelas frases lindas, mas que de tanto 'vermos', nem 'temos saco' de escutá-las? meio que o pop tivesse estragado as coitadas. Acho que rejeito algumas poesias, frases e pensamentos lindos só porque enchi o saco de escutar ou ler. Mas voltando...
O famoso tempo tem deixado cada vez mais as relações descartáveis.  
--- Geração coca-cola? 
--- Presente.
As pessoas toleram cada vez menos erros, compreendem menos, julgam mais. Até que ponto é compreensível um  erro [daqueles bem fodásticos] de um amigo ou namorado? de alguém que convive conosco? são as malditas perguntas com infinitas respostas, pois não há uma única 'correct answer'. 
O que é bonito ou aceitável pra um, é estranho ou inimaginável pra outro e vice versa. Cada cabeça, uma proeza. Eu sempre tive o gosto meio estranho, digo, de beleza mesmo. Sempre acho 'os lindos', os que minhas amigas não acham  nada lindos. E assim, cada mente é uma viagem louca, incompreensível, formada pela criação, pelos traumas, pelas dores que passamos. Por nossas loucuras internas! Acredito que nossas loucuras, essas mesmo [essazinha], nossas paranóias, definem muito a gente. E desconfio demais de gente certinha demais, de gente perfeitinha demais, de gente sem neuroses, sem alguma loucurinha. E isso me 'lascou' pois meio que fugi ao padrão comum. Ah, e o comum? Sabe aquelas fases adolescentes que queremos ser notadas? mas sabe quando por algum motivo sério se chega na vontade de querer apenas ser a pessoa mais comum do planeta? passar despercebida? até não curtir o próprio nome só porque ele é diferente? 
Uma boa idéia pra resposta de quem somos? Nossos traumas. Sou meus traumas. Eles, culpados por tantas distorções de todo tipo e por tanta gente. Ah, os traumas, guardadinhos ali, malditos sejam!

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Cabeça pra baixo

            Engraçado como é o ciclo da sociedade. Tantas mesmices, diferenças e figuras de linguagem como pleonasmos, hipérboles e mais ainda, antíteses. Ah, o português serviu pra identificar os casos sociais, que bom. Querendo ou não, 'é dose' admitir que tudo gira ao redor de interesses. Promessas feitas e quebradas, tudo como se nada tivesse acontecido. Muitas vezes parece que os sentimentos ruins querem dominar o mundo. Há tão pouca gente acordada! E a dúvida eterna: Por que tanta hipocrisia, falsidade e mentira? É absurdo como muitos ignoram problemas lastimáveis. E ainda existe a tal da maledicência, mais uma pra contaminar tudo e ser a gota d´água que esborra o copo e leva direto pro esgoto. Sim, esgoto mesmo, pois isso fede e  soa ruim.
          Maria era daqueles meninas diferentes do comum, sentia mais as dores que a maioria. Disseram que ela tinha depressão. Quando mais nova, determinou que desistiu das coisas. Simplesmente desistiu. DE SIS TIU. Jogou tudo pro alto e disse que não era por covardia sua, mas por essa decisão estar além de suas forças. " Não quero mais sobreviver. Quero viver. Isso tudo deveria ter um ponto final, mas são sempre vírgulas e quando muito, alguns parágrafos." Pra Maria tudo era mais complicado mesmo, ou ela era doente da cuca ou o mundo era doente pra ela. Com certeza, das duas uma. E assim cada qual enxerga conforme quer e pode. Maria não era entendida por sua família, que cada vez mais se distanciava dela. E assim ela tentou e tentou e não foi fácil. E assim achou que tinha chegado o momento: tomou vários comprimidos, todos tarja-pretas e  'apagou'. Pro seu azar ou não, encontraram-na a tempo. Lavagem no hospital. E essa coisa toda se repetiu outras vezes. Ela tentou de outras formas mais brutas. Por fim, sua família a internou numa clínica. Maria começou a ter medo de ser louca. Isso a amedrontava severamente. Pois, apesar de tudo, ela tinha o pensamento crítico 'em forma'. 
          E um segundo ciclo de vida sucedeu na vida de Maria Maria. Isso mesmo, ela se chamava Maria Maria, esqueci de mencionar. Interna nessa clínica, conheceu várias figuras ímpares de vida. Pessoas especiais mas que não tavam nada bem. E ali, apesar do medo da loucura, Maria enxergou o mundo de outra forma. E que privilegiada ela se sentiu por viver experiências tão diferentes, apesar de doloridas. Maria tinha histórias 'pra dedeu'. Tempos depois, meses após ter saído da internação, de ter desistido da idéia de morrer, descobriu o equilíbrio. O equilíbrio, ele mesmo, uma coisa tão ínfima, delicada, mas que pode pender qualquer um tanto pro seu apogeu como pra sua desgraça.
            Maria mudou de casa, mudou de vida. Pouca gente sabe o que sucedeu com ela. Ela prefere guardar esses mistérios dentro de si ou compartilhar com as pessoas mais especiais de sua vida. Numa de suas leituras, ela viu uma frase, grifou e abriu um grande sorriso. Tinha assim: "A atitude mais corajosa de minha vida foi decidir que queria viver, quando na realidade, queria morrer."

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Registro de vida

Eu sempre escrevi muito, mas sempre guardei meus escritos a sete chaves. Tenho cadernos e 'tentativas de livros' escritos em vão, escondidos no fundo do guarda roupa para não serem lidos por uma pessoa não autorizada. 

Dia desses, em uma de minhas nostalgias, lembrei de minha vó e me dei  conta que não sei nada de suas aventuras de vida, ou ainda, que sei muito pouco. Perguntei à minha mãe se ela tinha algo escrito de vovó e  só temos aquelas histórias já quase esquecidas pela família, que o tempo vai apagando... Pensei no quanto isso é triste e me lembrei dos meus escritos. Sim, porque ao menos se algum bisneto meu um dia tiver curiosidade de saber algo de minha vida, ou sobre o que pensei...ah, alguma coisa ele vai saber. Mesmo que não goste, não ficará um vazio. 

Assim, quero guardar aqui um pouco de mim e muitas vezes um pouco dos pensamentos perdidos e soltos, dos delírios que temos direito a ter e que cada vez menos temos coragem de expor. Histórias de vivências e estórias encantadas e fantasiosas... 


Desde pequena que me habituei a escrever nos momentos tristes e assim, dessa forma simples e clara, meus escritos ficam num vai e vem inconstante conforme a tristeza me possui ou se aproxima.

Mas digo logo que pretendo mudar isso... Não quero deixar apenas coisas ranzinzas e tristes guardadas, apesar que acredito que as melhores coisas saem da tristeza. Até por acreditar nisso que sempre me atraí muito por tudo que tenha um quê de triste. São, geralmente, as coisas mais lindas.