Muitas vezes me pergunto até que ponto o cotidiano, esse vilão, consegue arruinar as relações. E me refiro a qualquer que seja. Falando assim, parece frio, e acho que assim o seja mesmo. Veja bem, pra onde vai toda aquela poesia, aquele mistério, aquela saudade, aquela contemplação? simplesmente desaparecem ou são desvendados. Raras e incomuns vezes ficam camuflados apenas, é verdade.
Certo momento de minha vida, comum a troca de amizades, me senti insatisfeita/triste/infeliz [dramática] por não ter encontrado 'pessoas' que substituíssem à altura aqueles queridos super queridos que o tempo havia afastado. E sem querer, compara-se as amizades, as pessoas. Antes queria que 'minhas' amizades fossem mais parecidas comigo [isso não é normal?] .
Com o tempo, vemos que nem sempre isso é possível e até apreciamos a tal da diversidade. Claro que há os limites. E nosso senso de exclusão pré adolescente contra grupos que não se encaixam conosco se elastece e pode até se tornar uma piada. E não confundamos amadurecimento com falta de personalidade ok?
Minha adolescência foi marcada [graças] por boa música, boa leitura, boas conversas mas que nem sempre me levaram às coisas certas [isso existe?]. E nessa fase, lembro que eu nem queria conversa com os 'parâmetros alheios' ao meu. Depois o tempo passa ,se amadurece e encontra-se 'beleza' em vários meios. Alguns beeeeeeem mais difíceis, claro. Acha-se graça nas amigas camaleônicas, e achamos graça nas nossas mudanças. Aquele lero lero de cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é deixa de ser um clichê. Sabe aquelas frases lindas, mas que de tanto 'vermos', nem 'temos saco' de escutá-las? meio que o pop tivesse estragado as coitadas. Acho que rejeito algumas poesias, frases e pensamentos lindos só porque enchi o saco de escutar ou ler. Mas voltando...
O famoso tempo tem deixado cada vez mais as relações descartáveis.
--- Geração coca-cola?
--- Presente.
As pessoas toleram cada vez menos erros, compreendem menos, julgam mais. Até que ponto é compreensível um erro [daqueles bem fodásticos] de um amigo ou namorado? de alguém que convive conosco? são as malditas perguntas com infinitas respostas, pois não há uma única 'correct answer'.
O que é bonito ou aceitável pra um, é estranho ou inimaginável pra outro e vice versa. Cada cabeça, uma proeza. Eu sempre tive o gosto meio estranho, digo, de beleza mesmo. Sempre acho 'os lindos', os que minhas amigas não acham nada lindos. E assim, cada mente é uma viagem louca, incompreensível, formada pela criação, pelos traumas, pelas dores que passamos. Por nossas loucuras internas! Acredito que nossas loucuras, essas mesmo [essazinha], nossas paranóias, definem muito a gente. E desconfio demais de gente certinha demais, de gente perfeitinha demais, de gente sem neuroses, sem alguma loucurinha. E isso me 'lascou' pois meio que fugi ao padrão comum. Ah, e o comum? Sabe aquelas fases adolescentes que queremos ser notadas? mas sabe quando por algum motivo sério se chega na vontade de querer apenas ser a pessoa mais comum do planeta? passar despercebida? até não curtir o próprio nome só porque ele é diferente?
Uma boa idéia pra resposta de quem somos? Nossos traumas. Sou meus traumas. Eles, culpados por tantas distorções de todo tipo e por tanta gente. Ah, os traumas, guardadinhos ali, malditos sejam!